Para a amiga e futura colega, Maristela
Ou acordo aguçamos a audição
No tenso silêncio entre palavras;
Inúmeros gestos inacabados que
Perdem o sentido, frenando no ar
Pelas importantes palavras, que
Saltam do Léxico, como pedras
Marmoreadas, se lançando acima
Dos nossos esquecidos sepulcros
Confessamos, duais pecados, ao
Fazermos saltar de umbrais,
Faíscas amatelo-ouro, iluminando
Nossos rostos também dessa cor,
Ao golpear com pedras-fogo as
Trancas tenazmemte afixadas em
Aferroadas portas sagradas, que
Protegem, dizem, a Felicidade.
Bem, fugimos com risos, tomando
Austos de fôlego renovados, à
Semelhança da fuga de portas
que tocamos alheias campainhas,
Seguidas de fuga, alvo irresistível
De infantil brinquedo. Acaso
Seriam semelhantes felicidades?
Acumulamos descobertas, sensações
Assemelhadas ao esquecimento, ou o
Torpor criativo do vinho; que creio
Envergonhados, usarmos o pomposo,
Americanizado vocábulo: insigth.
Será eu somente, ou dois, serem
Impelidos a desvestir da magia e
Riqueza, temas e lendas que ocupam
Eternamente prelos da humanidade?
O tal do caminho do herói...
A liberdade do Artista...
A Família...
O poder da Inveja....
A Revolução Pacífica...
O homem que entende o que é ser
Mulher....
Numa noite, de frequente insônia, criei o seguinte cenário, para olhar alguém e tentar julgá-lo solitário. Estava diante de uma enorne entrada escavada em uma elíptica perfeita, com cerca de 10m na lagura maior, e 4m na altura menor. Quem fez aquela obra de engenharia, adornou sua borda com um extrato de verso, escavado na rocha, que lembro vagamente ser do argentino Borges. Dizia, comecando e terminando em três pontos: "...as vezes me sinto em pé diante do espelho, e pressinto o olhar do homem que me vê, embora o que tenha me restado do dia e noite, o sempre presente, amarelo dos Tigres..."
Não havia assinatura do autor, de forma que me fiei na memoria, de anoiteceres com livros no colo, até adormecer.
Parado em seu limiar vi que foi escavada, girando em seu eixo num declive difícil de se conceber. Descia num ângulo que estimei em vertiginosos 60°. Era absolutamente escura, até cerca de seus 3/4 de quilômetros finais.
Era lisa e escorregadia, pela água que brotava copiosa em sonoras gotas de seu teto.
Tive a nítida impressão, que se o tempo pudesse ser uma dimensão visível à nossos olhos, eu estaria sendo coberto por seu seu fluxo ininterrupto, mas que ali se acumulava, como em uma represa, por sua substância não ser capaz de infundir por aquela estranha e larga garganta.
Meus pés tentaram um passo ou dois, sentindo nas costas o frio que a escuridão total se fazia impor.
Ajustando os olhos pude perceber, apesar da distância, que o último quarto de quilômetro era bem iluminado; plano, havia gramado e poucas pessoas, que se dirigiam a uma árvore à direita do distante e iluminado quadro no fundo daquela incerta visão, mas até onde podia crer em meus olhos, verossímil.
Fiquei acocorado sobre os joelhos até não mais poder. Em tudo o que me intrigava, pude observar algo, que entre dezenas de coisas ainda que sobejavam minhas duvidas quanto Ser humano, pude observar com toda o escassez de visão clara e completa... Nenhuma daquelas "pessoas" se falava, se tocava, se reunia. Sequer embaixo da convidativa árvore, que ocupava a atenção daquele extrato de mundo.
Posso estar errado, impactado pela raridade da experiência... mas acho que aquela distante janela, se abre para um mundo onde a solidão não é um problema.
O universo é grande demais para conter somente nossa forma de Ser. Seria um grande desperdício de espaço, disse certo cientista ou pensador.
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