quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Olhares

  






























 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotos da apresentação da Turma de Cordas da "Escola de Música Fábio Marasca" e Orquestra Sinfônica de Rio Claro.
(Igreja Batista do Calvário, Rio Claro-SP, em 28/11/2017)

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Infinito furtado


 
Em silêncio me assombro com a ausência da imensa abóboda fresca e escura, na qual me sentava acocorado ao fechar os olhos e mergulhar no espaço sem horizontes da mente. O pensamento era uma sinfonia de muitas vozes, imagens, cheiros do ontem e do agora, que vinham de todas as direções penetrando o corpo da consciência, invadindo as entranhas em direção ao infinito espaço, que existia como um ponto impossível, em algum lugar atrás dos olhos.
 
Vozes em várias línguas e sotaques, que por vezes emprestavam o movimento da minha língua, num ventriloquismo abafado dentro da boca. Esse espaço monumental de movimento, som, ecos e formas era um oceano negro sem fim, e ao mesmo tempo conhecido, seguro, ao qual se deixar perder era a forma natural de se encontrar. Abrir os olhos apenas projetava sobre a mente uma estreita nesga de luz, uma diminuta fresta por onde espiava o espaço próximo e sufocante do agora.

Mas algo veio e lentamente sugou a matéria impalpável do espaço, sorrateira e constante. Primeiro os ecos se abafaram, e o oceano denso foi se diluindo no nada. O corpo da consciência deixou de nadar, gravitou lento até encontrar o chão duro e irregular sob os pés nus. O negro profundo e refrescante foi ganhando uma luz cinzenta e baça, morna. As muitas vozes foram se distanciando, as imagens se esconderam nessa névoa seca e desagradável, e não puderam retornar, aprisionadas na bruma.
 
Paredes próximas mudas se materializaram, num espaço concêntrico ínfimo, invadido por uma brisa seca, quente e sem cheiro, que resseca as narinas. O infinito ponto atrás dos olhos se expandiu e tornou-se como uma redoma fina, embaçada, translúcida, cheia da mesma brisa aquecida, na qual cabem agora minha cabeça e torso. Fora o silêncio somente ouço minha voz, monótona, errática, como peças que caem irregulares de uma esteira, em uma fábrica com poucos trabalhadores. Agora o espaço da minha mente não difere muito mais da miserável fresta, que os olhos abertos podem revelar, o pobre agora.

O salteador que ergueu essas paredes levou meu infinito consigo, deixando em seu lugar o tremor que penetra insidioso minhas mãos, e endurece dia após dia minha face.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Dela


A nudez da mulher é secreta, íntima, própria.
Não se pode furtá-la pelo olhar, é um estado de plena consciência de si.
A pele, o calor, os cheiros, as formas e pêlos, os cabelos agitados correndo pelos ombros
Os pés sentindo o chão e seus dedos tateando as fissuras e encaixes na madeira, o tecido da cortina afastado suavemente pelas mãos, tocando de leve os seios e deixando o calor do sol inundar o ventre e coxas.
O vento roça sua pele, envolve e abraça com dezenas de mãos ansiosas, e ela cerra de leve os olhos, ao contrair suave as costas, e sentir o secreto mover do sexo.
A fotografia ilude quem deseja saborear o feminino despido.

Não se pode, certamente, furtar da mulher a sua nudez.